Mariápolis

Mariápolis forma cooperativa de catadores de recicláveis e capacita grupo para iniciar operações

Previsão é que a coleta seletiva e a operação da cooperativa ocorram em abril.

Por: Da Redação atualizado: 5 de maro de 2023 | 12h08
Cooperados vão coletar e processar recicláveis para comercialização, com ganhos econômicos, sociais e ambientais (Imagem ilustrativa: Killari Hotaru). Cooperados vão coletar e processar recicláveis para comercialização, com ganhos econômicos, sociais e ambientais (Imagem ilustrativa: Killari Hotaru).

A Prefeitura de Mariápolis tem atuado em todo o processo que permitiu a formação de uma cooperativa de catadores de recicláveis na cidade, a Cooper Nossa. Desde as primeiras sensibilizações que levaram à organização do grupo, seus participantes vivenciam uma série de ações de capacitação para que em breve a ação cooperativista seja colocada em prática.

Desde o início da atual administração municipal o prefeito de Mariápolis, Ricardo Watanabe, determinou que a iniciativa tivesse todo o apoio da municipalidade para que houvesse a formalização da cooperativa e a capacitação dos seus integrantes.

A partir do público atendido pelos programas sociais da área da assistência social, por meio do CRAS (Centro de Referência da Assistência Social), foi possível identificar moradores em situação de vulnerabilidade – alguns deles já atuando informalmente como catadores de recicláveis – e propor o projeto. Com a adesão, a ideia começou a tomar forma.

Capacitação e formalização do grupo (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).Palestra sobre resíduos sólidos (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).Formalização jurídica da Cooperativa (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).

A estruturação do grupo com o trabalho técnico-social de capacitação, e a formação da cooperativa – inclusive com a constituição de sua pessoa jurídica – foram iniciados no começo do segundo semestre do ano passado, ingressando agora no estágio final, com expectativa de em breve iniciar as operações pretendidas. Hoje são sete cooperados formalizados, em capacitação.

As ações de formação têm mobilizado diretamente a assessora de benefícios sociais do CRAS de Mariápolis, Maria Eduarda Penha, e o consultor Milton Idie. Ele é o técnico da empresa vencedora de licitação pública que desde o semestre passado atua com os cooperados.

Maria Eduarda Penha e Milton Idie (Siga Mais).

Eles explicam que as capacitações em andamento visam ampliar o horizonte de informações dos catadores de recicláveis, para que identifiquem e valorizes as oportunidades de renda financeira a partir da coleta de recicláveis, como também para a correta operação dos equipamentos que serão usados na triagem desses matérias.

As iniciativas de formação estimula que o grupo também conheça cenários na região da Nova Alta Paulista, como aterros e outras iniciativas, para a identificação de materiais descartados que poderiam ter aproveitamento.

Os cooperados já estiveram em Tupi Paulista, Parapuã, Adamantina e Flórida Paulista, para conhecer os modelos dessas cidades, na gestão dos resíduos domésticos. “Isso tem permitido que conheçam toda a cadeia e os fluxos, sendo possível constatar que há muitas perdas de recicláveis que poderiam ter aproveitamento”, ressalta o consultor Milton Idie.

Como vai funcionar

A ação da Cooperativa vai permitir a realização da coleta seletiva na cidade, com foco no aproveitamento dos materiais recicláveis para posterior comercialização, e reservação dos resultados financeiros entre os cooperados.

Para o meio ambiente, a iniciativa de aproveitamento de recicláveis vai permitir a redução do lixo doméstico que hoje é destinado a aterro sanitário. A contribuição de Mariápolis vai permitir menos impactos ambientais para a coletividade.

Para os cofres públicos municipais, com menos lixo levado ao aterro, o município vai gastar menos, já que a cobrança é feita por quilo de lixo encaminhado para o descarte em local licenciado.

Recentemente foram realizadas as licitações pela Prefeitura de Mariápolis para compra de equipamentos de proteção individual (EPI) dos cooperados, como também dos maquinários que irão compor a estrutura de processamento dos recicláveis. O centro de operações será o barracão já construído para essa finalidade.

Conhecendo atividades de reciclagem na região (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).Conhecendo atividades de reciclagem na região (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).Conhecendo atividades de reciclagem na região (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).

A previsão é que em abril sejam iniciadas as atividades da coleta seletiva pelos cooperados – que terá apoio logístico da frota municipal – permitindo assim a triagem e comercialização dos recicláveis.

Todo o programa e estrutura utilizam recursos financeiros obtidos por Mariápolis a partir de verbas oriundas das medidas de compensação ambiental pagas pela CESP (Companhia Energética de São Paulo), a título de indenização, pelos reflexos gerados à bacia do Rio Paraná em razão da construção e funcionamento da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, em Porto Primavera. O represamento dos mananciais para formação do reservatório da usina regou impactos ambientais para toda a região. Um TAC firmado pela CESP junto ao Ministério Público Federal em Presidente Prudente permitiu reunir os recursos e contemplar projetos na região.

Participação de todos e sensibilização comunitária

O sucesso da ação – com o aproveitamento de recicláveis para a coleta seletiva, a oportunidade de obter renda a partir desses materiais e menos impactos ambientais – não depende somente do poder público e dos catadores. A iniciativa precisa ter também a colaboração da população.

Em sua operação, a coleta seletiva a ser realizada na cidade ocorrerá em dias específicos, e a população precisará atuar de forma colaborativa, separando em casa aqueles materiais recicláveis, com metais, vidros, papelão, plásticos e outros, que serão divulgados para a orientação dos moradores.

Já nas datas fixadas os cooperados percorrerão as ruas da cidade fazendo a coleta, para a posterior separação dos materiais e sua compactação, para que cada um deles tenha o destino correto junto a empresa que compram esses itens para reciclagem.

Conhecendo atividades de reciclagem na região (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).Conhecendo atividades de reciclagem na região (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).Conhecendo atividades de reciclagem na região (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).

A sensibilização dos moradores será articulada pelo próprio CRAS, que em Mariápolis desenvolve oficinas para 36 turmas, formadas por grupos familiares, crianças, adolescentes, adultos e idosos. “Esses grupos receberão palestras e panfletos com orientações”, explica a assessora de benefícios sociais do CRAS, Maria Eduarda.

O CRAS também vai atuar em parceria com a área educacional, buscando adesão dos estudantes nas escolas da cidade, onde também, dentro dos seus conteúdos educacionais, já são desenvolvidos de educação ambiental.

Maria Eduarda o consultor Milton Idie destacam ainda que as campanhas deverão reiterar a colaboração para que o material descartado, como reciclável, esteja limpo, o que valoriza esse item, quando colocado à venda. Um exemplo é uma caixa de leite. Ao ser descartada suja, perde valor. Se houver um enxágue de água, por exemplo, tem um resultado de venda melhor. 

O consultor destaca que a chance do programa dar certo, em todos os seus objetivos, é grande. Ele cita uma característica local, de grande poder de mobilização, que são as oficinas do CRAS, no conjunto de programas sociais. O especialista soma a isso, também, o potencial das ações de educação ambiental nas escolas. “A ação dos cooperados, combinada com a participação da população, pode ser muito promissora”, aposta.

Potencial de aproveitamento

Segundo o consultor Milton Idie, diferentes estudos mostram que cerca de 40% do que é descartado no lixo doméstico são de materiais descartáveis. Em Mariápolis são cerca de 80 toneladas/mês de resíduos domésticos levados para um aterro privado, para descarte em local licenciado, como determina a legislação ambiental. A cidade tem em torno de mil imóveis.

Visita a aterro privado em Adamantina (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).Visita a aterro público na região (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).Conhecendo atividades de reciclagem na região  (Cedida: MIC Consultoria/Milton Idie).

Esse cenário sinaliza que haveria um potencial de 32 toneladas/mês de recicláveis, entre esse volume total descartado. O consultor pretende que ainda este ano, iniciada a operação da Cooperativa, sejam aproveitados cerca de 10 toneladas/mês de recicláveis, pelos cooperados, o que representa 12,5% das 80 toneladas/mês levadas para o aterro. “A meta é  chegar 25% a 30%”, diz. Conforme o consultor, a média nacional é de 3%. “A Prefeitura está dando todo o suporte. Agora os cooperados precisarão fazer a sua parte”, ressalta.

A assessora de benefícios sociais Maria Eduarda também se vê motivada. “Formamos um grupo de cooperados com muita força de vontade. E todos estão muito dispostos e engajados, para que tudo dê certo”, completa.

Futuro

A cooperativa mariapolense Cooper Nossa foi criada com objetivo de atuação que não se limita à gestão de recicláveis oriundos dos resíduos domésticos, e já prevê em sua formalização a possibilidade de atuar, também, com resíduos da construção civil (RCC) e resíduos de poda de árvores. “Não é só coleta seletiva. O modelo daqui é mais amplo e abre possibilidades futuras”, diz o consultor Milton Idie. “Uma coisa puxa a outra”, ilustra.

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