Encontro articula planos de contingência para chuvas e de gestão de riscos e desastres na região
Audiência pública foi realizada em Adamantina, encerrando ciclo de debates regional.

Adamantina sediou nesta segunda-feira (23), uma audiência pública para debater o plano de contingência para as chuvas de verão e a gestão de riscos e desastres. Os temas relacionados aos fenômenos ambientais têm se tornado cada vez mais frequentes, severos e com impactos crescentes nas cidades da região. Esta foi a quarta rodada de debates promovida na Nova Alta Paulista, sendo a terceira realizada em Adamantina.
A iniciativa é fruto de uma ação conjunta da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Nova Alta Paulista (Aeaanap), Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo) e Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), com apoio da Mútua (Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea) e da Associação dos Municípios da Nova Alta Paulista (Amnap).
Audiência Pública realizada em Adamantina (Imagem: Siga Mais).
O objetivo da agenda é discutir estratégias preventivas e de mitigação frente aos eventos climáticos extremos, que ocorrem com maior frequência, especialmente no período do verão.
As exposições técnicas desta segunda-feira foram conduzidas por Renato Gouvea, coordenador regional da Defesa Civil de Presidente Prudente; Alessandro Romano, integrante do Grupo de Operações Especiais e Resgate (GOER) de Osvaldo Cruz; e Ronaldo Malheiros Figueira, geólogo e conselheiro suplente do Confea.
Capacidade da engenharia em organizar, propor e executar
As audiências públicas buscam fortalecer o diálogo entre autoridades, técnicos e sociedade civil sobre a importância da preparação adequada para o enfrentamento de desastres. “Queremos acelerar e apoiar para que essas discussões se transformem em um trabalho técnico regional, com todos os entes envolvidos preparados para atender melhor os municípios”, destacou o engenheiro de produção e conselheiro do Confea, Daniel Robles.
Segundo ele, a iniciativa está alinhada com os pilares da presidente do Crea-SP, engenheira civil Lígia Marta Mackey, e do presidente do Confea, engenheiro de telecomunicações Vinicius Marchese. “No Conselho Federal, temos um trabalho sério nessa área: valorizar o profissional da engenharia e mostrar à administração pública nossa capacidade de organizar, propor e executar ações tanto em momentos de crise quanto no planejamento, unindo a eficiência da gestão municipal com a da engenharia para melhor atender o cidadão”, afirmou.
Audiência Pública realizada em Adamantina (Imagem: Siga Mais).
O presidente da Aeaanap, engenheiro agrônomo André Luiz Borrasca, reiterou: “Nosso objetivo é provocar essa discussão para promover melhorias à população. A associação se sente honrada em proporcionar esse debate.”
Políticas públicas permanentes
Em entrevista ao Siga Mais, o geólogo Ronaldo Malheiros Figueira destacou a importância da Lei Federal nº 12.608/2012, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil. “Todas as cidades precisam ter uma governança de risco efetiva, com a Defesa Civil coordenando esse trabalho”, afirmou.
Ele também destacou a necessidade de atuação com planejamento e prevenção. “Agora é o momento de iniciar os planos de contingência, que vão nortear toda a ação da gestão municipal e sua integração com a sociedade civil para enfrentar esses problemas”, disse. “O grande desafio é tornar essa ação contínua. É preciso garantir sua permanência.”
Figueira ressaltou a relevância do evento: “Esse encontro organizado pela Aeaanap é uma contribuição do sistema Confea/Crea-SP para que os prefeitos abracem essa proposta e repensem um plano regional de ação. É fundamental focar na prevenção e na preparação, pois, com as mudanças climáticas, os eventos tendem a se agravar. A mitigação de desastres é essencial.”
Audiência Pública realizada em Adamantina (Imagem: Siga Mais).
Renato Gouvea, coordenador regional da Defesa Civil, também reforçou a importância do planejamento. “Estamos enfrentando mudanças climáticas cada vez mais severas. A prevenção e a preparação salvam vidas”, disse. “No momento da resposta, as equipes precisam estar bem preparadas”, concluiu.
Comunicação como estratégia para a Defesa Civil
Outro ponto relevante do encontro foi a abordagem sobre comunicação, com destaque para a contribuição do radioamadorismo em situações críticas. A exposição foi feita pelo radioamador Alessandro Romano, do GOER de Osvaldo Cruz, que atuou voluntariamente nas enchentes do Rio Grande do Sul em maio do ano passado.
“Não há como falar em plano de contingência sem abordar a comunicação. Ela é a base que coordena e dá efetividade às ações, minimizando danos materiais e humanos”, explicou. Romano destacou que, diante de um eventual colapso dos sistemas de comunicação, o radioamador pode operar com recursos simples, como uma bateria de carro.
“Nós do GOER, grupo de radioamadores de Osvaldo Cruz, estamos sempre em alerta, prontos para auxiliar instituições públicas e privadas em situações de emergência. Contamos com um aparato tecnológico — simples, mas eficaz — que garante a coordenação e o suporte necessários em ações de resposta a desastres”, concluiu.
Articulação regional conjunta
A prefeita de Lucélia, Tatiana Guilhermino, participou do encontro representando a Amnap. Ela compartilhou sua experiência no enfrentamento de um grande incêndio florestal que atingiu áreas de vegetação e atividades agropecuárias no município. “É fundamental que haja projetos e atuação conjunta. Isso precisa ocorrer de forma regional”, afirmou.
Audiência Pública realizada em Adamantina (Imagem: Siga Mais).
O engenheiro ambiental Fontaine Tazinazzo Bastos, vereador em Lucélia, servidor público e membro da Defesa Civil na cidade, reforçou a importância do tema. “Hoje trabalhamos com a prevenção, que é fundamental para dimensionar riscos e evitar que o desastre aconteça. Algumas intempéries fogem do controle, mas é possível prever e se preparar. É isso que está sendo discutido aqui hoje”, disse.
Ciclo de debates
Desde março deste ano, outros três encontros já foram realizados sobre temáticas ambientais e seus impactos nos municípios, promovidos pelas mesmas instituições organizadoras.
O primeiro evento aconteceu no dia 31 de março, abordando a importância dos estudos hidrológicos e sua relevância na drenagem urbana.
Em seguida, no dia 14 de maio, uma nova rodada de debates foi realizada em Osvaldo Cruz, discutindo o papel dos municípios na gestão de riscos e desastres.
O terceiro encontro ocorreu no início de junho, novamente em Adamantina, e tratou da gestão da arborização urbana.
As iniciativas têm como propósito ampliar o diálogo e a cooperação entre as organizações da área de engenharia, o poder público e a sociedade, promovendo maior protagonismo técnico desses profissionais em diferentes frentes das políticas públicas.