Cidades

Dirigente sindical desmente nota dos Correios e afirma haver carteiros com a Covid-19 em Adamantina

Segundo Sindicato, há três carteiros positivos para Covid-19 e outros cinco aguardam resultados.

Por: Acácio Rocha | Da Redação | acacio@sigamais.com atualizado: 22 de maro de 2021 | 17h18
Agência dos Correios de Adamantina (Foto: Siga Mais). Agência dos Correios de Adamantina (Foto: Siga Mais).

Na última quinta-feira (18) o SIGA MAIS publicou sobre possível ocorrência de um surto de Covid-19 entre trabalhadores da agência dos Correios de Adamantina, que teria atingido os carteiros. A informação extraoficial, de fonte ouvida pelo portal, relatava a existência dos casos. Procurado, os Correios negaram, conforme nota recebida da assessoria de imprensa.

O SIGA MAIS perguntou se a informação sobre casos de Covid-19 entre trabalhadores da agência de Adamantina procede, quantos são os trabalhadores internos e carteiros da unidade e quantos estariam com sintomas ou positivos para a doença, e se o atendimento ao público, na agência, e os serviços de entrega, permanecem ativos.

A reposta recebida pelo SIGA MAIS trouxe uma posição genérica, informando sobre os protocolos dos Correios, para Covid-19, e que a agência de Adamantina permanece com funcionamento normal, sem qualquer menção sobre os eventuais casos da doença em trabalhadores da unidade local (reveja).

Porém, a publicação do conteúdo gerou reações nas redes sociais, onde internautas informaram ter familiares ou conhecidos que trabalham na agência de Adamantina e que estariam afastados positivos para Covid-19, ou afastados preventivamente aguardando resultados de exames. Um funcionário da agência adamantinense comentou na publicação, onde declarou ter sido testado positivo para a doença. “Sou funcionário da agência de Adamantina, dois carteiros lotados nesta unidade testaram positivo, eu e outros 3 estamos afastados, com sintomas leves, aguardando resultado do teste feito no posto de saúde de Adamantina na última terça e quarta-feira”, escreveu Jeferson Theodoro.

(Reprodução/Facebook).

Após essa repercussão e a manifestação do funcionário, o SIGA MAIS entrou novamente em contato com a assessoria de imprensa dos Correios, que na sexta-feira (19), reiterou o que já havia informado ao portal, voltando a negar a ocorrência de casos, se limitando a informar as medidas gerais adotadas no atual cenário de pandemia (leia abaixo a íntegra da nova nota).

Sindicato dos Empregados confirma a existência de casos

O SIGA MAIS procurou o Sindicato dos Empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de Bauru, Araçatuba, Botucatu, Presidente Prudente e Regiões (SINDECTEB). Neste sábado (20) o representante sindical da regional de Prudente, para cidades como Adamantina, Lucélia, Flórida Paulista, Pacaembu e Irapuru, e outras da região, Hideyochi Hina (Japa), revelou a ocorrência de três carteiros da agência adamantinense com Covid-19 e outros cinco aguardam resultados de exames.

Ele disse que em Adamantina são dez funcionários da área de distribuição (carteiros), um dos quais está de férias. “Com nove trabalhadores atuando, somente um está trabalhando e oito estão afastados. Desses, três testaram positivo para Covid-19 e os outros cinco estão aguardando resultados de exames realizados na rede pública”, revelou. O dirigente sindical contou que os três positivos para Covid-19 obtiveram os resultados após a realização de exames em laboratório particular e os demais, com a suspeita da doença, aguardam os resultados pela rede pública. “Esse é o panorama atual”, afirmou Japa.

O representante do SINDECTEB disse que de uma maneira geral, a ocorrência mais comum de casos da Covid-19 atinge os carteiros. “O atendente também interage com a população, na unidade. Os carteiros interagem com mais gente, em razão da entrega de encomendas e correspondências”, explica.

Carteiros estão mais expostos à Covid-19, no quadro dos Correios (Foto: Marcelo Casall Jr/Agência Brasil/Arquivo).

Japa detalhou que existe um protocolo sanitário dos Correios para a Covid-19 e para determinados perfis de entregas foi dispensada a assinatura do destinatário. “Alguns objetos que solicitava-se a assinatura, agora pode ser entregue mediante a informação do próprio cliente, que fornece os dados, anotados pelo carteiro. Mesmo assim, por sempre estar em contato com o público, fazendo entregas, ele é mais afetado”, continua.

Em relação ao protocolo sanitário para a Covid-19 adotado pelos Correios desde a declaração da pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o representante sindical fez críticas e destacou o distanciamento entre a teoria protocolar e sua aplicação prática. “Quando a OMS classificou pandemia, os Correios também adotaram um protocolo para proteger seus colaboradores e o público em geral. Baseado em outros usados por empresas privadas e poder público, o protocolo de março de 2020, na teoria, é muito bom”, disse. “Só é bom e bonito no papel. Não está sendo cumprido à risca”, denunciou.

Segundo Japa, o protocolo foi criado para apresentar à sociedade que os Correios estão protegendo seus trabalhadores e o público. “É uma coisa que está só no papel. Na prática a gente não vê. Posso dizer que 50% do que está lá não é cumprido, na minha avaliação e na avaliação do Sindicato. Infelizmente”, prosseguiu. “Se fosse cumprido o protocolo da forma que está no papel, seria muito bom, minimizaria muito o problema que estamos tendo com a questão da Coviud-19”, ponderou.

Atraso nas entregas

Diante deste cenário, e por outros fatores como a redução do quadro de trabalhadores operacionais nos Correios, o dirigente pede que a população não penalize os funcionários que estão na linha de frente dos serviços, nas agências, por eventuais atrasos na entrega de correspondências e encomendas. “Quem tá na ponta dos serviços é o carteiro e o atendente”, disse. “Parte da população, de um modo geral, às vezes não entende a situação do carteiro e demais trabalhadores dos Correios. Não estou julgando nem culpando essas pessoas, que têm seu direito ao serviço de entrega de correspondências e encomendas”, pontuou. “Alguns têm bom senso, já outros acabam extravasando, descontando nos carteiros e no atendente, ofendendo verbalmente o trabalhador dos Correios, e em alguns casos até fisicamente”, explicou Japa. “A culpa da atual situação, tanto da falta de controle de combate ao Covid-19 é uma questão onde a maior responsabilidade é do governo federal, principalmente, que não está coordenador as medidas e não está fazendo o esforço que precisaria ser feito”, acrescentou.

Crescimento no serviço de encomendas (Foto: Fernando Frazã/Arquivo/Agência Brasil/Arquivo).

Além da questão sanitária pontual, decorrente da Covid-19, que eventualmente provoca baixas temporárias no quadro operacional pelas questões de saúde, o dirigente sindical denuncia também a redução no número de trabalhadores nos serviços dos Correios, em todo o país. “Outra situação foge um pouco da crise sanitária é a questão da falta de empregados no quadro dos Correios. Isso também não é culpa dos carteiros e dos atendentes. É culpa da alta direção dos Correios, da administração central, que reflete esse governo que está querendo privatizar a empresa”, disse.

Segundo Japa, desde 2011 não há concurso para os cargos de atividades operacionais dos Correios. “Há falta de pessoal. A empresa está sendo sucateada”, denuncia. Ele citou que em 2013/2014, estavam em cerca de 128 mil funcionários no efetivo nacional. Hoje, são cerca de 96 mil funcionários. “Diminuiu o serviço? Não”, afirmou. (Continua após a publicidade...)

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Mercado atual e futuro dos Correios

O representante do SINDECTEB citou que o serviço de correspondências tem caído significativamente, já os serviços de encomendas seguem caminho inverso, e dada complexidade e necessidades específicas, exigem mais do trabalhador. “As encomendas e Sedex, por exemplo, exigem um tratamento especial do carteiro. Quanto à entrega de correspondência, era só triar, separar, agrupar e colocar na caixinha. Já uma encomenda Sedex ou registrada, exige um tratamento especial, como pegar o número do documento de identificação do cliente e solicitar assinatura”, explica Japa. “Mesmo com a dispensa de assinatura para determinadas encomendas, alguns ainda há necessidade que o cliente assine o recebimento do objeto”, observou. “E ainda as cidades crescem, com novos loteamentos e novos bairros. Há uma defasagem muito grande. É difícil tocar o serviço da maneira que tem que ser tocado, com qualidade e eficiência aos clientes”, justifica.

Ele mencionou também os programas de demissão voluntária (PDV) e programas de demissão incentivada (PDI) dos Correios. “O quadro só vai diminuindo”, destacou.

Considerando as questões nacionais dos Correios, o comportamento do mercado de correspondência e encomendas e sua estrutura de operação, o dirigente sindical se põe contrário às correntes que sinalizam pela privatização da empresa. “O que depender de nós trabalhadores, vamos brigar até o último minuto para que a empresa não seja privatizada”, disse.

Separação das correspondências, para entrega (Foto: Marcelo Casall Jr/Arquivo/Agência Brasil/Arquivo).

Ele pontuou que os Correios são essenciais para o povo brasileiro e ilustrou que a empresa reponde pela entrega das provas do ENEN aos locais de aplicação, entrega das urnas eletrônicas da Justiça Eleitoral, livros didáticos do FNDE, donativos em catástrofes e faz o transporte de materiais virais para pesquisa. “Uma empresa privada pode até fazer isso, sobretudo nos grandes centros, mas duvido que faça isso nos cantos mais longínquos do território nacional. Os Correios estão presentes em todos os 5.570 municípios do Brasil”, ponta. “Será que uma empresa privada fará esse serviço em regiões onde não gera lucro”, questiona.

Japa afirma que os Correios operam com lucro, é auto sustentável e seu funcionamento não advém dos impostos pagos pelo contribuinte. Em relação aos aspectos financeiros, ele disse que a empresa aplica o subsídio cruzado. “Os lucros dos grandes centros comerciais do Brasil são repassados para manter os serviços dos Correios nos outros municípios onde a receita é deficitária”, explica. “Mesmo agindo dessa forma, os correios não estão no vermelho”. Ele afirma que a empresa se mantém dos recursos de suas atividades econômicas. “Os Correios não são mantidos por impostos, mas pelas próprias receitas”, completa.

Nova nota recebida pelo SIGA MAIS na última sexta-feira (19):

“Os Correios reiteram que, desde o mês de março do ano passado, vêm adotando sucessivas medidas de proteção à saúde de seus empregados, clientes e fornecedores, em função da pandemia.

Além do afastamento de empregados em grupo de risco, os protocolos de saúde adotados pela estatal prevêem a sanitização periódica das unidades e a permanente orientação aos empregados quanto aos cuidados básicos de higiene e procedimentos de limpeza dos ambientes e equipamentos.

A empresa também disponibilizou a todos os empregados álcool em gel e máscaras laváveis, squeeze para os empregados da área de distribuição, suspendeu a assinatura do destinatário na entrega de objetos postais, evitando assim compartilhamento de objetos com o cliente externo, e promoveu a reorganização das estações de trabalho nos centros operacionais, para manter o distanciamento recomendado.

A estatal está acompanhando a situação de saúde do efetivo, prestando o apoio necessário, e também atuando para garantir o bom funcionamento das atividades operacionais.

Os Correios informam ainda que, devido a decretos municipais/estaduais, ou ainda em virtude dos protocolos preventivos adotados pela empresa para segurança de todos - como sanitização de ambientes e afastamento de empregados em grupo de risco –, podem ocorrer algumas alterações pontuais no serviço. Porém, a rotina de entrega permanece sendo executada.

Os Correios seguem à disposição pelos telefones 3003-0100 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 725 7282 (demais localidades), ou pelo Fale Conosco, no site www.correios.com.br.

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