Cada pessoa é um universo
Em tempo de pandemia é importante dar ouvidos e se permitir sentir.
Nós nunca estamos prontos, nós nos tornamos prontos. Tamanha complexidade que nos persegue ao longo da vida, temos de tomar decisões e escolher absolutamente tudo em nosso dia a dia. Nem tudo podemos racionalizar ou colocar numa planilha detalhada, o ato de ser exige muito do ser humano.
Nesses últimos meses o volume das conversas de bar diminuiu e deu espaço para um assunto que talvez muitos passem a vida deixando de lado: o escutar a si mesmo. Que coisa maluca é ter essa conversa com o espelho, de reparar na sua sombra, de reconhecer que em você vive um duplo. Será que ele sempre esteve dentro de mim? Será que eu ignorava e fingia que não existia? Em tempos de pandemia, precisamos aprender a conviver com nós mesmos, muitos porque moram sozinhos ou se viram desesperados para estarem sós, afinal quando estamos fechados num espaço da casa com a família, dá uma saudade de ser só a gente mesmo.
Não entendemos o que se passa em nosso inconsciente profundo ainda mais quando tanto é exigido que sejamos fortes, resolutos e tenhamos esperança de um futuro melhor. Mas o que representa esse nosso ser? Em homenagem ao aniversariante do mês, o grande poeta Carlos Drummond de Andrade, trago aqui a significância do ser nesses simples, mas provocativos versos:
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
(...)
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Cada pessoa é um universo inteiro. Somos compostos de emoções, sensações, crenças, desejos, culpa, expectativa e chegamos aqui em marés que podem não ter sido tão tranquilas. Calma, respira, está tudo bem. Daqui dois meses nos despedidos do ano que talvez seja o mais marcante do século XXI, mas ainda dá tempo de você se reconectar consigo mesmo e cuidar desse ser que te habita. Lembre-se que nos tornamos prontos para, e que tudo é uma questão do que você pode aprender.