Sociedade

O futuro do trabalho e o impacto nas relações sociais

Escritório ou home office? Como será o futuro do trabalho e o impacto nas relações sociais.

Débora Nazari | Cientista social, jornalista, escritora e adamantinense | nazaridebora@gmail.com Colunista
Débora Nazari | Cientista social, jornalista, escritora e adamantinense | nazaridebora@gmail.com
(Imagem: Junjira Konsang/Pixabay). (Imagem: Junjira Konsang/Pixabay).

Escritório ou home office? Muito se fala sobre como é bom ficar em casa nessa pandemia, de ter menos tempo no trânsito e mais tempo com a família. Os mais 5 minutos de soneca agora são 15, o café da manhã tem sabor de calma, você tem mais tempo de pijama e o trabalho está apenas um cômodo de distância, mas o que se tornou o sonho de consumo para alguns é o pesadelo para outros. Com a proporção continental do Brasil, era de se esperar que muitas pessoas tivessem dificuldade para trabalhar em casa, por inúmeros fatores que vão desde local, conexão ruim com a internet até a falta de entendimento do universo online. Nosso país ainda lida com o triste cenário da desigualdade social que parece aumentar mais e mais na pandemia, além disso, nem todas as profissões podem ser online, o trabalho manual, o chão de fábrica, o camelô, os profissionais informais, o setor de entretenimento e muitos outros dependem de um lugar fixo para existir.

Nós também lidamos com um tema predominante que é a questão geracional e como isso afeta relações sociais e profissionais. Quem aqui não trabalha com idades mistas? Qualquer escritório ou empresa mescla do jovem aprendiz aos senhores na casa dos 60 e poucos anos, mas será que ambos rendem da mesma forma? Como será que eles veem o futuro do trabalho? Num estudo feito pela Consumoteca foi apontado que 38% da Geração X (nascidos a partir dos anos 1960 até o final dos anos 1970) foi muito afetada pela pandemia, comparado aos 43% da Geração Y ou Millennials (nascidos entre 1981-1995) e 51% da Geração Z (nascidos entre 1995-2010). Em entrevista, o diretor-geral do LinkedIn América Latina, Milton Beck, disse que os escritórios não serão os mesmos no futuro. E não mesmo! Mudar a forma de produção e bater as metas de uma empresa que estava enraizada num modelo é muito difícil de se fazer em questão de meses, mudar uma estrutura exige tempo, capital humano e sobretudo paciência para acertos e erros. Segundo uma pesquisa da FIA (Fundação Instituto de Administração), 67% das empresas tiveram dificuldade de implantar o home office, muito se dá pela falta de preparo e entendimento sobre como usar as tecnologias, como softwares de reunião online ou como compartilhar arquivos no drive. É nessa hora que entendemos que o problema não é um desiquilíbrio geracional, mas falta de gestão organizacional. Faltou um plano estratégico para lidar com crises, que nos mostrasse o atraso de muitas empresas em relação ao mundo globalizado em que vivemos.

Como estão e como serão os trabalhos do futuro? Pense num adolescente hoje na escola ou num recém-formado, o modelo home office pode parecer mais atrativo do que passar oito horas num escritório. Pense em quem trabalhou no escritório a vida toda, aos que estão com a empresa dentro de casa? Por um lado, alguns empresários gostam da ideia de trabalhar enquanto veem os filhos brincando na sala, mas sabemos que essa é a realidade da minoria. As transformações que essa pandemia tem causado no trabalho mudaram a dinâmica do dia a dia, talvez seja a hora de realmente pensarmos em carreiras com caminhos diferentes ou não convencionais. Um futuro com equipes híbridas? Um rodízio de pessoas na semana? Novamente voltamos à gestão de pessoas e processos, pois se cada ser humano traz uma bagagem de experiências de seus trabalhos, porque não mudar também o que concebemos ser uma empresa.

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