Memória

O primeiro ébrio de Adamantina

Uma curta história sobre o primeiro ébrio de Adamantina.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
O primeiro ébrio de Adamantina

Ébrio: é·bri·o; adj sm; 1 Que ou aquele que está em estado de embriaguez; bêbado, embriagado. 2 Que ou aquele que se embriaga frequentemente; alcoólatra, alcoólico [1].

* * *

No último dia 25, em passagem pela biblioteca pública municipal, acabei encontrando alguns documentos, no Arquivo Histórico, escritos pelo Sr. Francisco Dário Toffoli. Tais folhas datilografadas, registravam em detalhes como ocorreram inúmeros fatos aqui na terrinha. Mas, um dos textos me chamou a atenção. Este era intitulado de: “Ele foi o primeiro ébrio de Adamantina”.

Pois bem, confesso que ao ler o título, eu sequer sabia o que era um ébrio, mas ao realizar a leitura do o texto, o significado de tal palavra acabou sendo esclarecido. Então vamos ao que interessa, quem foi o primeiro ébrio de Adamantina? Assim relata o Sr. Francisco Dário Toffoli:

Um cidadão que se chamava João dos Santos Segundo (apelidado de Major), foi primeiro ÉBRIO DE ADAMANTINA. [...] Ele tinha como morada o OCO de um pau d’alho que se encontrava nas imediações onde temos hoje o JARDIM PÚBLICO – PRAÇA MARREY JÚNIOR [2]. Naquele tempo esse local estava coberto pelas matas. João dos Santos (Major), quando em seu “estado normal” era um dinâmico trabalhador. Ele foi um dos melhores manejadores do machado na derrubada das matas. (s/d) (Grifo do autor)

O relato sobre o Major continua, destaca-se o esforço e empenho do mesmo, e em determinado momento relata-se sobre os “trabalhos” que o mesmo dava ao Sr. Aldione, guarda municipal à época.

Durante o dia ele roçava as árvores mais miúdas ao redor das árvores grandes e que cujos troncos metiam medo. Feito esse serviço, ía direto ao boteco, tomava umas e outras, ficava grogue, então dava um trabalhosinho para o guarda, Sr. Aldione Ferreira Ferro, que o conduzia ao seu catre [3], no OCO DO PAU D’ALHO. (Idem)

O Sr. Francisco ainda relatara em seu texto que mesmo sob efeito do álcool, o Major era uma atração à parte, “um verdadeiro comediante”, nunca o viu mencionar qualquer palavra de baixo calão, ao contrário, sempre repreendia quem assim o fizesse.

Infelizmente, o Major teve uma “triste morte”, fora atingido de forma voraz por uma vaca, vindo a falecer dias depois. Em seu texto o Sr. Francisco deixa uma recomendação à municipalidade:

Poder-se-ia até sugerir que a municipalidade, usando de um gesto talvez inédito em todo o território nacional, prestasse uma homenagem à sua memória, dando a uma de suas vias urbanas, a denominação de RUA DO ÉBRIO – JOÃO DOS SANTOS SEGUNDO. [...] Morreu cumprindo seu dever em prol do desenvolvimento dum patrimônio que ele viu nascer, viu crescer e tornar-se uma cidade [...] (Idem) (Grifo nosso)

Enfim, independentemente de sua condição viciosa, assim se processou a história de mais um personagem da terrinha que, conforme já falado por aqui ou acolá, não passou de um “pioneiro anônimo”. Somente lembrado nas linhas do Sr. Francisco Dário Toffoli e que, hoje compartilho com todos vocês. Aos nobres edis, que tal a recomendação acima?

Tiago Rafael dos Santos Alves

Professor, Historiador e Gestor Ambiental

Membro Correspondente da ACL e AMLJF

tiagorsalves@gmail.com

 


[1] Conferir em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=ébrio> Acesso em: 26/11/2019.

[2] Atual Praça Élio Micheloni

[3] Espécie de cama rústica, bem simples.

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