Memória

O patriarcalismo por trás dos anúncios publicitários de Adamantina

Uma análise sobre a visão patriarcal nos anúncios publicitários de Adamantina.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Anúncio de O Adamantina, datado de 31 de julho de 1966 (Reprodução). Anúncio de O Adamantina, datado de 31 de julho de 1966 (Reprodução).

 “Nenhum país pode desabrochar de verdade se ele poda o potencial das suas mulheres e se priva das contribuições de metade da sua população”.

 Michelle Obama

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Dando uma breve folheada no acervo do Jornal Diário do Oeste, me deparei com inúmeras informações que me chamaram muito a atenção e que poderiam ser rememoradas e quem sabe novamente discutidas e/ou questionadas. Questões políticas, sociais, esportivas, culturais, etc.

Diante do que vi, acredito que o que mais me chamou a atenção foram as publicações referentes aos anúncios de lojas da cidade. E por incrível que pareça, muitas delas reproduziam a visão de mundo patriarcal da época.

Algumas lojas, nas décadas de 1960 e 1970, vendiam a “ideia” de que enceradeiras, batedeiras de bolo, liquidificadores, entre outros eletrodomésticos eram os presentes ideais para suas esposas, filhas ou mães.

É claro que isto também se fazia presente na educação. Era fato comum as meninas receberem nas escolas, aulas de “economia doméstica” e realizarem cursos de “corte e costura”. Ou seja, a ideia era formar “donas de casa”, ou como posso dizer: Uma espécie de “educação para o lar”, visando a formação da “mãe” e da “dona de casa”.

Como disse anteriormente esses anúncios me chamaram muito a atenção. Fiquei me questionando, se atualidade as mesmas empresas os reproduziriam em tempos de “empoderamento feminino” e “movimentos sociais feministas”.

Pois bem, devemos ter em mente que esta era a visão de mundo de 50 anos atrás, reproduzi-la nos dias atuais seria um retrocesso. Mas, torna-se no mínimo curioso e incomum imaginar que a tão pouco tempo atrás, as pessoas admitiam certos tipos de desigualdades, e tudo parecia “normal”, ou pelo menos dentro dos parâmetros da “família tradicional brasileira”.

Vamos a algumas informações: Nos dias atuais, mesmo dedicando mais tempo aos estudos e as tarefas domésticas, as mulheres ainda ganham salários bem menores do que os homens e ocupam também menos cargos de chefia e direção do que eles. Sem falar na representatividade política, que sequer chega a 20% nas cadeiras do Executivo e Legislativo.

Enfim, com anúncios ou sem anúncios, o que deve permanecer neste atual cenário “pós-globalizado" e que se diz “contemporâneo”, são as ofertas, oportunidades, direitos e deveres em igual conformidade a todos os gêneros, sendo esta luta não somente de um grupo, mas de todos nós.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil. 

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