Memória

Lendas brasileiras (IV): o Curupira e a Caipora

O Curupira e a Caipora, dois personagens do folclore brasileiro.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Lendas brasileiras (IV): o Curupira e a Caipora

 “O curupira / Parece até mentira / É um menino que tem / Os pés virados pra trás / Protetor da fauna e da flora”.
Curupira – Luiz Salgado

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No último texto, relativo ao mês do folclore falarei de um personagem não menos importante, mas tão curioso quanto todos os outros, o Curupira. Tido como um garoto de cabelos ruivos e com os pés invertidos, este normalmente aparece montado em um javali (ou porco do mato) defendendo as florestas e animais dos lenhadores e caçadores.

Sua lenda tem origem nos povos indígenas brasileiros, sendo relatado em escritos de padres jesuítas durante o séc. XVI, sendo descrito como um “demônio” que assombrava os nativos e bandeirantes, em alguns casos assobiando e criando falsas pistas para estes, muitas vezes fazendo-os andar em círculos.

O Curupira, segundo contam os “caboclos”, gosta de fumar e beber pinga e prefere lugares isolados como as matas. Relatam que ao adentrarem em florestas, era primordial levar um pedaço de fumo e um pouco de aguardente caso o encontrasse. Caso tais itens não surtissem efeito, a solução seria enrolar um cipó. De tão curioso, o ser ficaria sentado tentando desenrolar o novelo.

Outro ser, que possui nome e características parecidas, é a/o Caipora. Ambos gostam de fumar e beber e são protetores das matas. Dentre os povos Tupi, esta se apresenta tanto como um homem, como uma mulher, de corpo vermelho (ou verde) e orelhas pontiagudas. Alguns pesquisadores acreditam esta personagem deriva da lenda do Curupira, o que varia de região para região.

E aqui, cabe aquela “lembrancinha”, se você nasceu vivenciou a sua infância na década de 1990, quem não se lembra da Caipora, que em momentos esporádicos aparecia nos episódios do Castelo Rá-tim-bum? Me lembro que, em cada um dos episódios que aparecia, relatava diversas histórias típicas dos povos indígenas.

Enfim, independente da lenda, da região ou mesmo da origem, o que permanece são as boas e curiosas histórias, que um dia foram passadas por nossos pais e avós e que, infelizmente estão caindo no esquecimento e sendo desvalorizadas. Talvez isso se deva ao fato de nos dias atuais muitos acharem que, “o que vem de fora”, seja mais moderno, mais legal e mesmo mais “norte-americanizado”, evocando uma época (ou melhor, uma Belle Époque) onde seríamos um Le Brésil que não foi.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.

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