Memória

Finados, cemitério e ritos post-mortem – O que se fez e o que se faz na terrinha após a morte

Uma análise sobre os ritos, tradições e costumes post-mortem na cidade de Adamantina.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Finados, cemitério e ritos post-mortem – O que se fez e o que se faz na terrinha após a morte

“Esquecer-se da morte e dos mortos é prestar um péssimo serviço à vida e aos vivos.”

Philippe Ariès

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Com este texto completo a centésima publicação pela Coluna Memória junto ao Portal Siga Mais. De antemão, agradeço ao apoio e espaço destinado pelo meu amigo Acácio Rocha. Mas, deixemos os agradecimentos de lado e vamos ao que interessa.

No último dia 02, onde por aqui e ali temos o feriado alusivo ao “Dia de Finados (ou dos Mortos)” acabei visitando o cemitério (ou como diriam os meus avós, a “cidade do pé junto”) local da terrinha, mesmo morando “ao lado”, “quase nunca” o visito (por escolha mesmo!).

Por lá, como sempre, muitas pessoas e muitos vendores (principalmente de melancias), aquele cheiro de velas característico, as sacolinhas do “Vicentinos”, as famosas missas celebradas próximas ao “cruzeiro”, etc.

Andando por aqui e ali e ao vizualizar alguns túmulos, muitas “surpresas” devido ao fato de nem saber que por hora alguns daqui partiram. Mas, assim é e será... Paciência! E vamos em frente!

Dizem por aí que se você quiser conhecer a história de uma cidade, deve começar pelo seu cemitério. De fato, eu concordo com tal afirmação! Basta dar uma olhada nas “ruas” mais “abastadas” e/ou “principais” do mesmo. Ali se verá os principais nomes de ruas, bairros, prédios, etc. Quanto ao lado menos vizualizado, você verá o “Seu João”, a “Dona Maria”, o “Seu Zé”, que um dia também marcaram presença e foram imprescindíveis por isso ou aquilo para a “terrinha”. Mas, sequer são lembrados por isso (até mesmo nos seus túmulos ou covas).

Dias atrás, em conversa com meu amigo e Jornalista provinciano Sérgio Barbosa, discutíamos a quantidade de “pioneiros anônimos” que a terrinha dispõe. Mas, que por algum motivo nunca tiveram a “devida importância” para serem lembrados “no seu tempo” ou “no nosso tempo”. O que me fez lembrar de um texto lido pos estes dias, onde o autor relatava que o “patrimônio, a memória e o monumento”, eternizam aquilo que as “elites” querem que seja eternizado (O que também pode ser aplicado por aqui!). Mas, prossigamos, pois o tempo passa.

Outro ponto que também me chamou a atenção são as inúmeras “mega construções” efetuadas dentro dos domínios da “cidade do pé junto”, verdadeiros “mausóleus” a “la décédé chanceux”. Nada contra, mas percebe-se que a “ostentação” também se fez e se faz presente nos campos do post-mortem. E assim, cada qual com suas tradições no por aqui e pelo além.

Enfim, por mais estranho que pareça, um simples cemitério tem muito a nos revelar sobre a cultura, a história, a tradição, os costumes de um povo e mesmo sobre a “vida”. E parafraseando a fala do personagem Tempo, no filme “Alice através do espelho”: “Espero que tenha sido feliz. E que tenha feito bom uso do seu tempo.” Afinal, nunca se sabe quando será o último segundo. Assim seja!             

 

Tiago Rafael dos Santos Alves

Professor, Historiador e Gestor Ambiental

Membro Correspondente da ACL e da AMLJF

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