Memória

Entre muros e cercas – Estamos nos fechando?

Uma breve análise sobre como as construções acabaram afetando as relações sociais.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Grande maioria das casas construídas nas primeiras décadas da cidade tem muros e grades baixas, situação bastante diferente dos dias atuais (Arquivo Histórico Municipal). Grande maioria das casas construídas nas primeiras décadas da cidade tem muros e grades baixas, situação bastante diferente dos dias atuais (Arquivo Histórico Municipal).

“Construímos muros demais e pontes de menos.”

Isaac Newton

* * *

No último dia 09, a Alemanha comemorou os 30 anos da tão famosa “Queda do Muro de Berlim. Um dos marcos de um período marcado pela Bipolaridade de sistemas econômicos (Capitalismo e Comunismo), compreendido como Guerra Fria. Em meio a tal comemoração, difundida pelas inúmeras mídias (TV, Redes Sociais, Rádio, Jornais, etc), acabei percebendo que a grande maioria de nós está cada vez mais erguendo muros e mais muros em nossas próprias casas.

Só para se ter uma ideia do que estou falando, basta dar uma olhadinha nas inúmeras fotos das casas da “terrinha” nas décadas de 1950 a 1970. Provavelmente você verá cercas, muros bem baixos, grades, quintais (com terra) e em alguns casos nada disso. Mas, o que isso nos diz sobre o contexto atual?

(Arquivo Histórico Municipal)

Ao longo dos anos, o fator “segurança”, “individualidade” e “propriedade privada”, acabou minguando algumas relações sociais que por muito tempo se difundiram por aqui e ali (principalmente no interior). A alguns anos atrás, era bem comum vermos nos diferentes lugares, pessoas sentadas à frente de suas casas, conversando com os vizinhos, moradores varrendo suas calçadas e colocando os “assuntos em dia” (conforme a pauta da Dona Maria), etc. Mas, nos dias atuais, infelizmente, tais costumes estão ficando de lado. E nesse contexto, muros e muros cada vez mais altos são construídos, cada qual a sua maneira, com cerca elétrica, arames, cacos de vidro, pregos, etc (o importante é se fechar no seu mundinho!).

Até as crianças “entraram na onda”, cada vez mais estas também estão se fechando em seus quartos em meio aos jogos virtuais e redes sociais (uma espécie de “outro muro”). Lembro-me de ter escrito a alguns anos atrás sobre as brincadeiras e jogos populares e de como um dia já brincamos de tudo isso. Mas, ao que me parece tudo isso está desaparecendo!

(Arquivo Histórico Municipal)

Enfim, o que se percebe é que em nome da “segurança”, do “individualismo” e da tal “propriedade privada”, estamos nos fechando e nos tornando prisioneiros em nossas próprias casas. Que os 30 anos da “Queda do Muro de Berlim”, possa nos servir de exemplo em nosso dia a dia. Que possamos romper a barreira de nossas “relações antissociais”! Afinal, tente se lembrar: Quando você cumprimentou o seu vizinho mesmo? Quando você brincou na rua pela última vez?

Obs: Ainda dá tempo!

 Tiago Rafael dos Santos Alves

Professor, Historiador e Gestor Ambiental

Membro Correspondente da ACL e da AMLJF

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