Memória

Crônicas de outrora: os primeiros diaristas contratados em Adamantina

Um breve relato sobre os primeiros diaristas contratados em Adamantina.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Adamantina, década de 1940 (Livro Reviver Adamantina/João Carlos Rodrigues). Adamantina, década de 1940 (Livro Reviver Adamantina/João Carlos Rodrigues).

“Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador.”

Eduardo Galeano

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Nos últimos dias, temos visto pelos arredores da terrinha e pelas ditas “redes antissociais”, falas e mais falas acerca de alguns “perrengues” enfrentados neste e naquele bairro. Faltou água aqui, o esgoto vazou ali, a energia acabou acolá! Mas, no final tudo deu certo!

E por falar em “perrengues”, é interessante notar como nos idos de 1940, estes eram bem maiores por aqui. Além disso, outro ponto a ser destacado é que, sequer éramos um município ainda nesta época, toda e qualquer resolução partia da Prefeitura Municipal de Lucélia ou até mesmo dos próprios moradores.

Adamantina, década de 1940 (Livro Reviver Adamantina/João Carlos Rodrigues).

Adamantina, década de 1940 (Livro Reviver Adamantina/João Carlos Rodrigues).

Diante disso, em sua Crônica Histórica, o Sr. Francisco Dário Toffoli relata como ocorreu a contratação dos primeiros diaristas contratados pela Prefeitura. Assim relata:

 

A Prefeitura Municipal de Lucélia, no início do ano de 1945, contratou vários homens para trabalharem como diaristas no então Patrimônio de Adamantina, a qual na época ainda estava sujeita aquela jurisdição municipal. (1978, p.24) (Negrito nosso)

 

E continua:

 

Os diaristas eram assim chamados: Honório Augusto de Oliveira, Marcílio Lemes, Olivéro Augusto de Oliveira, Manoel Onibene, Adhemar de Souza, Manoel Rodrigues Chaves, Antonio Nello, Advar Nello, Laurival Nello, Octávio Morais, José Nello, Constantino Steves, Osmundo Geraldo de Carvalho, Antonio Florindo, José Mariano Ferraz, Pedro Diniz, Santiago Fernandes, José Miguel Cabral e Antonio Regiani. (Idem) (Negrito nosso)

 

Para administrar o trabalho dos diaristas supracitados, fora contratado o próprio Francisco Dário Toffoli, que assim relata em seu texto:

 

[...] o então Prefeito Municipal de Lucélia, Dr. Luiz Ferraz de Mesquita, nomeou o cidadão – Francisco Dário Toffoli, que já vinha exercendo o cargo de Fiscal Geral atinente ao então Patrimônio (que estava tomando aspecto de uma cidade) tendo desta feita acumulado seus deveres de Fiscal Geral e de Feitor[1]. (Idem) (Negrito nosso)

 

Acerca dos trabalhos executados, também acrescenta:

 

A Sr. Toffoli, diariamente reunia os diaristas e lhes determinava os serviços a serem executados. E que consistiam em construir, ampliar e conservar ruas, estradas e pontes. A presença dos diaristas e os serviços que executavam, provocaram muito entusiasmo entre os primitivos [...] (Idem) (Negrito nosso)

 

Assim, penso que por aqui deva caber um breve parêntese! Em outros momentos já relatei, como são difíceis de se encontrar nos relatos sobre a história deste ou daquele local, os nomes de tantas outras pessoas que também “trabalharam” para o “crescimento de Adamantina”, “pessoas simples”, muitas delas migrantes (nordestinas, mineiras, etc), mas que por “omissão” deste ou daquele, sequer são lembrados.

Adamantina, década de 1940 (Livro Reviver Adamantina/João Carlos Rodrigues).

Adamantina, 1945 (Arquivo Histórico Municipal).

Por vezes, prevalecem os nomes daqueles que “interessam” a um certo público naquele momento da história! Mas é sempre bom colocar os famosos “pingos nos is” e “dar a César o que é de César”, o “político é importante”, mas sem o “trabalhador” “aquele que acreditou nisso tudo e, literalmente fez tudo isso acontecer”, Adamantina nada seria!

Assim, cumpre-me agradecer ao Sr. Francisco Dário Toffoli, mesmo que in memmorian pelas lembranças relatadas e pela dedicação e cuidado que teve para com a sua Crônica, não esquecendo em nenhum momento aqueles que muito labutaram por aqui.

 

Tiago Rafael dos Santos Alves

Professor, historiador e gestor ambiental

Membro correspondente da ACL e AMLJF



[1] Atualmente não se utiliza mais tal denominação, no entanto tal função seria similar a de um “encarregado” ou de “fiscal”.

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