Memória

Crônicas de outrora: O cavalo Guarani e a reforma da previdência – Parte II

Um novo relato sobre o cavalo Guarani, que foi aposentado em Adamantina, a partir dos relatos do Sr. Francisco Dário Toffoli.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
O cavalo Guarani, sendo aplaudido (Reprodução: Livro Jubileu de Ouro de Adamantina/Cândido Jorge de Lima). O cavalo Guarani, sendo aplaudido (Reprodução: Livro Jubileu de Ouro de Adamantina/Cândido Jorge de Lima).

“URBANÍSTICA

Como seriam belas as estátuas equestres se constassem apenas dos cavalos!”

Mario Quintana

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Em meu primeiro texto publicado pelo Siga Mais, em 11 de dezembro de 2017, e posteriormente publicado no livro: Breves ensaios sobre a história de Adamantina, abordei o curioso caso da “aposentadoria de um cavalo em Adamantina” (reveja aqui). Naquele momento, relacionei a tão temida Reforma da Previdência com o fato.

 

Pois bem, para quem não se lembra do ocorrido, no livro Jubileu de Ouro, o prof. Cândido Jorge de Lima a descreve:

 

Foi no dia 4 de maio de 1958. Adamantina uma cidade pacata, sem violência e de poucos acontecimentos, tinha como lema, na época, o amor, o reconhecimento e a gratidão. Três adamantinenses, Tino Romanini (prefeito), Osvaldo Fiorillo (contador da Prefeitura) e Francisco Dário Toffoli (vereador), resolveram prestar uma justa homenagem ao cavalo da prefeitura que puxava o carroção de coleta de lixo. “Ele também ajudou a construir nossa cidade, somos gratos a ele.” Dizeres em uma faixa colocada no lombo do animal, tendo ele percorrido a cidade até o ponto central, onde foi prestada a homenagem. (1999, p. 347) (Negrito nosso)

 

E continua:

 

Chico Toffoli, foi o encarregado de proferir a saudação, o fez com muita eloquência: “Cavalo Guarani, a partir de hoje estais aposentado, não precisa mais trabalhar e receberá a sua ração por conta do erário público.” (Idem) (Negrito nosso)

 

Pois bem, a Reforma chegou e por incrível que pareça, um dos idealizadores de tal ocorrido foi o Sr. Francisco Dário Toffoli, o qual tenho trazido semanalmente, inúmeros fragmentos de sua Crônica Histórica, a descreve também:

 

Esse cavalo recebeu da municipalidade uma MOÇÃO, numa festa dada aos legítimos FUNDADORES DE ADAMANTINA. O gesto da Comissão em reconhecer numa criatura irracional sua utilidade, seu trabalho e sua serventia, em prol do desenvolvimento que o ser humano empreende, mereceu aplausos, muito embora não tenha ficado sem as críticas dos que acham que os irracionais são simples objetos que servem para o homem deles se aproveitarem, mormente nos trabalhos que demandam maior esforço. (1978, p. 22) (Negrito nosso)

 

Até aqui, já sabíamos do ocorrido, no entanto, o Sr. Francisco, nos traz outras informações, como o 1º carroceiro, o responsável pelo cavalo Guarani:

 

Um cidadão que ainda a pouco tempo trabalhava como zelador do Jardim da Santa Casa de Misericórdia local, e que mudou-se para São Paulo (capital) chamado Lázaro Vilela (conhecido pelo apelido de Lazinho) foi o PRIMEIRO CARROCEIRO DE ADAMANTINA. (1978, p.21) (Negrito nosso)

 

E continua:

 

Por muitos anos após o nascimento do Patrimônio de Adamantina, exerceu a atividade de carroceiro, atendendo com presteza sempre que solicitado. Sua carroça era de tração animal. Seu cavalo era de cor castanha e se chamava Guarani. (1978, p.22) (Negrito nosso)

 

Assim, cumpre-me o acréscimo ao primeiro texto de 2017. E novamente a mesma pergunta, após a Reforma da Previdência: Será que um dia, teremos a mesma sorte do saudoso Cavalo Guarani?

 

Tiago Rafael dos Santos Alves

Professor, historiador e gestor ambiental

Membro correspondente da ACL e AMLJF

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