Memória

Como era o serviço telefônico em Adamantina

Um breve relato sobre os serviços telefônicos ofertados ao longo do tempo em Adamantina.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Serviço de telefonia em 1970 (Reprodução: Livro Reviver Adamantina/João Carlos Rodrigues). Serviço de telefonia em 1970 (Reprodução: Livro Reviver Adamantina/João Carlos Rodrigues).

“O telefone existe, mas não toca.”

Caio Fernando Abreu

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Recentemente vimos, por aqui e ali, algumas fotos da demolição da residência localizada na esquina entre a Rua Osvaldo Cruz e Alameda Armando Salles de Oliveira, que durante algum tempo abrigou a “Casa do Papai”. No entanto, poucos sabem que este mesmo espaço foi durante muito tempo a residência do Sr. Antônio Goulart Marmo, o 1º Prefeito da terrinha. Mas, também abrigou durante muito tempo a sede da companhia que prestava os serviços de telefonia para a cidade.

Bom... Atualmente é bem comum ver as pessoas por aqui e ali com seus celulares, que por sinal realizam inúmeras funções além das simples ligações. No entanto, nem sempre foi assim. Como se sabe, o serviço de telefonia avançou muito nos últimos 20 anos. E é aqui que começamos a contar parte de como isso ocorreu na terrinha.

Segundo o Prof. Cândido Jorge de Lima:

Adamantina, como aconteceu com os demais serviços essenciais, sofreu muito com as concessionárias, nos cumprimentos de prazos contratuais, com serviços de má qualidade e dificuldades para adquirir uma linha. (1999, p. 89) (grifo nosso)

Em 13 de julho de 1954, uma concorrência pública fora aberta. Apenas duas empresas disputavam a concorrência para prestação dos serviços, a Companhia Telefônica Alta Paulista, vinculada à Ericsson do Brasil e Companhia Telefônica de Rio de Preto, vinculada à Standart Elétrica S/A, saindo como vencedora a última. (Idem)

Inauguração da rede telefônica em Adamantina, em 15 de novembro de 1955. Companhia Telefônica Rio Preto, instalada na antiga Casa do Papai Noel (Reprodução: Livro Reviver Adamantina/João Carlos Rodrigues).

Depois de uma grande espera, finalmente em 15 de novembro de 1955, tendo o prazo contratual vencido, fora inaugurado o serviço telefônico de Adamantina. No entanto, os equipamentos ora instalados eram inferiores aos previstos no contrato. A empresa justificava a impossibilidade de importação destes à época.

E não parou por aí, a previsão da referida empresa conforme os editais da concorrência pública, era de que ao menos 4 linhas seriam instaladas de Tupã a Dracena, para que se atendessem os serviços interurbanos, no entanto apenas uma fora de fato instalada.

Nesta época as ligações precisavam ser conectadas de forma manual, por meio de uma central e uma telefonista. Além disso, segundo relata o Prof. Cândido: “Uma ligação demorava até dois dias e os usuários com necessidade urgente, tinham que viajar até Tupã, onde era feita a conexão entre as companhias telefônicas.” (1999, p. 91) (grifo nosso)

Instalação da telefonia da Prefeitura Municipal  (Reprodução: Livro Reviver Adamantina/João Carlos Rodrigues).

Tal pendenga acabou tendo até mesmo a interferência do Governador do Estado à época, Jânio Quadros, o qual ordenou a empresa responsável o cumprimento do contrato, sob pena de cancelamento do mesmo.

Pois bem, com o passar dos anos tal exploração dos serviços telefônicos ficou a cargo da Telecomunicações do Estado de São Paulo S/A (TELESP), por meio de outro convênio autorizado na gestão do Prefeito Luiz Hilson Lucianeti.

Daí pra frente a história já é bem mais conhecida e as melhorias também... Em 1998 vieram as privatizações e desde então tal acervo, segundo consta nos relatos do Prof. Cândido, pertence a empresa espanhola Telefónica S/A.

Inauguração do serviço de interurbano (Reprodução: Livro Jubileu de Ouro de Adamantina/Cândido Jorge de Lima).

E assim caminhamos, vieram as facilidades nas aquisições linhas telefônicas, ou o barateamento das fichas e posteriormente cartões telefônicos, os celulares (tijolões), a internet discada, os novos modelos de celulares com acesso à internet, os smartphones, o 3G, 4G...

Enfim, nos atuais tempos líquidos de Bauman, em nossos celulares tudo está a um clique, as ligações, as mensagens, os áudios, os vídeos, as transações financeiras, os jogos, etc. No entanto, por aqui cabe entender como parte disso se processou por aqui.

Tiago Rafael dos Santos Alves

Professor, historiador e gestor ambiental

Membro correspondente da ACL e AMLJF

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