Memória

Café com ferrovias e lembranças

Símbolos do progresso no passado, hoje não passam de apenas lembranças nas memórias locais.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Imagens: Acervo Histórico Municipal (Adamantina). Imagens: Acervo Histórico Municipal (Adamantina).

Tempo, o grande ladrão da memória.
Stephen King

 

Esta semana ao tomar uma xícara de café, me perguntei: Quanta história há nesses pequenos grãos? E é claro que ao lembrar de café e história, também acabei refletindo sobre a importância local das companhias ferroviárias na região.

Como se sabe, a história da maioria das cidades que fazem parte da região popularmente conhecida como Nova Alta Paulista, está intimamente ligada aos trilhos da Companhia Paulista de Estradas de Ferro (CPEF).

Lembremos que a economia local era majoritariamente ligada à produção do café e as ferrovias foram sumariamente necessárias para o escoamento da produção.

Algumas cidades onde se localizava o “ponto final” da linha conseguiram se polarizar como pequenos centros regionais, como Tupã, Osvaldo Cruz, Adamantina e Dracena.

A chegada da linha férrea e consequentemente do trem era vista como uma exaltação pública ao ideário de progresso e modernidade vivenciados nos primeiros anos de muitas cidades, inclusive em Adamantina.

Em conversa com alguns moradores mais antigos da cidade, tive o prazer de ouvir como foi o momento da chegada do trem “bitola estreita”, posteriormente o “bitola larga”, a chegada do trem de passageiros, sua ampliação até outras cidades à oeste, a constante movimentação da estação ferroviária local, etc.

Infelizmente acabei vivenciando os últimos anos de funcionamento da linha férrea em Adamantina, de quando ia de Adamantina até Campinas, para visitar meus tios. A viagem demorava muito, mas era uma diversão, e sempre marcada por diversos personagens e sentimentos: o cobrador que sempre vinha checar as passagens, o vendedor de doces com seu carrinho, sem falar nas ciganas que embarcavam em diversas estações e que me davam muito medo. Pessoas de diversos lugares e nacionalidades se misturavam ao som do trem sobre os trilhos.

Infelizmente em tempos de pós-globalização, restam apenas os trilhos, que sinalizam o abandono de algo que em um passado não tão distante simbolizou a glória de muitas cidades.

Quanto a nós, ficam as boas lembranças e aquele sentimentozinho nostálgico de um dia já ter feito história andando de trem.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.

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