Café com ferrovias e lembranças – Parte II: A volta do trem
Um breve relato sobre a possível reativação da malha ferroviária à nossa região.
“Ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha o trem / Ói, ói o trem, vem trazendo de longe as cinzas do velho éon / Ói, já é vem, fumegando, apitando, chamando os que sabem do trem / Ói, é o trem, não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem / Quem vai chorar, quem vai sorrir? / Quem vai ficar, quem vai partir? / Pois o trem está chegando, 'tá chegando na estação / É o trem das sete horas, é o último do sertão, do sertão / Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais [...]”
O trem das 7 – Raul Seixas
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Em meu último texto acabei destacando o Deputado José Costa, personagem que nomeia o Jardim da Estação ferroviária. Pois bem, ainda falando de ferrovias, na mesma semana ouvi por aqui e ali, da “boca de alguns parlamentares locais”, que empresa Rumo Logística assumiu a concessão da malha paulista. Mas o que isso quer dizer?
Parece que o ramal Bauru, Marília, Tupã, Osvaldo Cruz, Adamantina, Dracena e Panorama poderá ser reativado. Como se sabe, o assunto “reativação” não é novo. E isso envolve grandes investimentos, recuperação da malha ferroviária, entre tantos outros fatores a serem levados em consideração.
Sabemos que, a história da terrinha e seu dito “progresso”, sempre foram atreladas aos trilhos da ferrovia e as ações de seus representantes na região. Ostentar a chegada do trem, na década de 1950, era encarado pelos políticos e aliados, como um símbolo de uma administração “pujante”. E isso se concretizava, com o fato de ser “a ponta dos trilhos”, pois acreditava-se que, devido a tal situação, o município teria “maior desenvolvimento” (o que ocorreu por aqui!).
Pois bem, em meu “segundo texto” (veja aqui) pelo Portal Siga Mais, a cerca de três anos atrás, relatei como alguns símbolos desse tal “progresso” de um passado não tão distante, diga-se todo o aparato ferroviário ainda presente por aqui, foram simplesmente deixados de lado nos últimos anos. Basta dar uma breve passada pela linha férrea.
Conforme mencionei, isso foi a cerca de três anos, e já tínhamos uma clara situação de “abandono” da referida malha ferroviária, e que hoje, já perdura cerca de 20 anos, tanto por aqui, como nos municípios onde tais ramais se fazem presentes. Talvez a pergunta da vez fosse aquela do José... E agora? Confesso que, depois de tando falatório sobre a tal reativação, “principalmente em ano eleitoral”, eu sigo com aquele verso popular: “Só acredito, vendo!” (Mas não custa acreditar!)
Enfim, sabemos o impacto significativo que isso poderá ter em todos os setores e áreas. Gerando empregos, aumentando a arrecadação, melhorando a infraestrutura, etc. Espero, de fato, que tal reativação possa se concretizar o quanto antes. Mas enquanto isso não ocorre, a história da terrinha e de sua malha ferroviária vão ganhando mais algumas linhas (de texto).
Tiago Rafael dos Santos Alves
Professor, Historiador e Gestor Ambiental
Membro Correspondente da ACL e AMLJF
tiagorsalves@gmail.com