Memória

Adamantina, Lucélia e a bomba do prefeito

Um breve relato acerca da explosão de uma bomba na cidade.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Adamantina, Lucélia e a bomba do prefeito

Nos últimos dias a terrinha foi palco de uma audiência pública que objetivou na discussão do Projeto de Lei n. 56/18, que visa restringir a soltura de “fogos de barulho” na cidade. Na ocasião acabei participando da referida audiência, que ao meu ver só teria benefícios a trazer a “grande maioria” da população.

Independente dos diversos posicionamentos contra ou a favor do tal projeto, acabei me dando conta de uma leitura que há muito havia feito no Livro do Prof. Cândido Jorge de Lima, onde este narra um fato “bem pitoresco” acerca da cidade e do “barulho” por ela produzida.

Conta-se que no dia da chegada do trem a cidade, os adamantinenses queriam provocar os vizinhos de Lucélia. Segundo relatam os moradores “mais antigos”, Lucélia não queria a emancipação de seu Distrito, no caso Adamantina, e tudo faziam para que isso não ocorresse, chegaram até mesmo a construir uma casa no percurso da linha férrea que chegaria até aqui.

O Sr. Antonio Goulart Marmo (1º Prefeito da cidade), para “botar mais lenha na fogueira” entrou em contato com o Sr. Alcides Zanandréa para que fosse feita uma bomba de tamanha proporção, para que fosse ouvida até pelos vizinhos de Lucélia.

Por incrível que pareça, em conversa com o Sr. Faraday Zanandréa, filho do Sr. Alcides, este lembrou perfeitamente do ocorrido e acabou me contando como de fato foi a tal bomba. “O Sr. Ovídio Zambão, um dos responsáveis do almoxarifado da Prefeitura, arrumou um tambor de 200 litros para o meu pai, que o encheu até a boca com gasolina de alta octanagem”. Relata Faraday.

No dia marcado levaram o tambor até o campo de aviação local, que ficava entre a linha férrea e a atual Alameda Jarbas Bento da Silva. Bomba feita, era o momento de acender o pavio, que por sinal era maior que o normal, para que todos pudessem se afastar com segurança. Acenderam, e saíram em disparada em um jipe. No entanto, depois de alguns minutos, nada se ouviu. Decidiram voltar ao local e perceberam que o pavio havia apagado.

Alguns minutos depois, novo pavio foi colocado e acendido. Em cerca de 3 minutos ouviu-se o estrondo do artefato. Segundo narra o Sr. Faraday, “o impacto foi tão grande, que as casas próximas ao campo de aviação tiveram as vidraças quebradas.” E acrescenta: “No outro dia, só se viam os moradores indo até a Prefeitura para que o Prefeito pagasse os vidros quebrados.” Quanto aos vizinhos de Lucélia, conta-se que ficaram “horrorizados”, com o estrondo.

Enfim, com bombas ou sem bombas, com barulho ou sem barulho, a nós da história cabe a lembrança e o relato desses fatos “pitorescos” que um dia marcaram as terrinhas tupiniquins de Far Far Away.

 Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.

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