Memória

A feira livre como espaço de história, cultura e tradições

Uma breve análise sobre as Feiras Livres de Adamantina como espaços de geração de história, cultura e tradição local.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
A versão mais recente do Programa Feira-Livre acontecia no pátio da antiga estação ferroviária (Estação Recreio), em formato integrado à tradiconal feira-livre dominical (Reprodução/Luiz Andrade). A versão mais recente do Programa Feira-Livre acontecia no pátio da antiga estação ferroviária (Estação Recreio), em formato integrado à tradiconal feira-livre dominical (Reprodução/Luiz Andrade).

Aos feirantes dedico especialmente!

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“São os lugares que o homem habita dentro da cidade que dizem respeito a seu cotidiano e a seu modo de vida onde se locomove, trabalha, passeia, flana, isto é, pelas formas através das quais o homem se apropria e que vão ganhando o significado dado pelo uso.[1]

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Nos últimos dias, como já apregoado aqui e ali, não sendo uma novidade para ninguém, o cenário político da terrinha  ficou um tanto “alvoroçado” e acabou dando uma “reviravolta”. Muitos munícipes acabaram sendo pegos de surpresa com “tal reviravolta”, mas como se sabe, o cenário político tem “disso e mais um pouco”, como também já sabemos.

O mais curioso, é que em uma de minhas idas à Feira Livre, no Pátio da Estação, tal assunto era pauta de conversa em muitos círculos e barracas. E é aqui, que iremos ao que interessa, falar um pouco das Feiras Livres de Adamantina e seus espaços de troca.

Não é novidade nenhuma que, desde sua formação, Adamantina conta com vários desses espaços que acabam sendo utilizados pelos produtores rurais locais, artesãos, etc. para revenda de seus produtos e serviços. Diante disso, devemos ter em mente que em seus primórdios, a terrinha possuía uma população de maioria rural. O que ao longo do tempo se inverteu com vários momentos de exôdos rurais.

Só para se ter uma ideia, em tais espaços era possível encontrar de tudo e mais um pouco. Desde os principais gêneros alimentícios, até os mais incomuns. Me recordo dos inúmeros “peixes” que comprávamos (e vinham enrolados em “jornal”, dava até para ler o noticiário!), o café moído na hora da compra, da barraca dos temperos, do senhor que vendia “ervas medicinais”, dos violeiros que se apresentavam, sem falar nos “salgados” e no caldo de cana. Enfim, tinha barraca para todos os gostos.

Infelizmente, em meio a tal pandemia, o números de barracas e produtos tem diminuído bastante, aliado ao número de frequentadores. No entanto, em uma breve passagem por tal espaço, percebi que muitos dos feirantes “mais tradicionais” e “mais antigos”, ainda permanecem com suas barracas e seus produtos típicos. Cabe destacar também que, outros tantos produtos e barracas novas também surgiram em tais espaços.

Dessa forma, o que quero destacar é que, aliado ao comércio local de tais produtores, onde há geração de renda, trabalho e impostos, também há toda uma “história”, uma “tradição” e uma “cultura” que vai se perpetuando e sendo ressignificada nas mãos de cada “feirante” e de cada “consumidor”, que ao longo de vários anos acabaram construindo uma “mentalidade local de troca, amizade, parceria, etc.” inerente a este e aquele espaço onde se instalam.

Enfim, e aqui já faço em tom de cobrança ao nobres “pré-candidatos” ao executivo e legislativo, comecem a pensar em “estratégias” que possam “fomentar”, “auxiliar”, “instrumentalizar” tais pessoas e espaços. E por outro lado, por que não pensar nesses espaços sob o aspecto de se “preservar” a memória, a história, a cultura e as tradições dessas e de outras pessoas que um dia já passaram por lá. Fica a dica!

Tiago Rafael dos Santos Alves

Professor, Historiador e Gestor Ambiental

Membro Correspondente da ACL e da AMLJF



[1] CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no/do mundo. São Paulo: Hucitec, 2007. p.18.

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