Cidades

Dinha: “Decepcionada com tudo que vem acontecendo”

Vereadora Dinha (DEM), presidente da Câmara Municipal, encerra ciclo de entrevistas no SIGA MAIS.

Por: Da Redação atualizado: 16 de outubro de 2015 | 07h31
Dinha: “Decepcionada com tudo que vem acontecendo”

A presidente da Câmara Municipal de Adamantina, vereadora Maria de Lourdes Santos Gil (DEM), popular “Dinha”, encerra o ciclo de entrevistas com os representantes do legislativo local, no SIGA MAIS.
Dinha é a primeira mulher a ocupar a presidência do legislativo adamantinense. Está na cadeira que historicamente sempre foi ocupada por homens e se vê diante de muitos desafios, entre os quais, criar as condições, no ambiente da Câmara Municipal, para o melhor desenvolvimento das atividades de todos os vereadores.
Ela faz um balanço de seu trabalho como vereadora e presidente do legislativo, e avalia a imprensa, a participação de lideranças na política local e o desempenho da administração municipal. Se diz aberta ao diálogo e defende que o legislativo sempre propôs esse espaço, sobretudo nos temas polêmicos, porém, sem a consistência desejada nas decisões. “Quando conversávamos com o Ivo sozinho, dava a impressão que saía convencido sobre aquilo que os vereadores propunham. Aí ele subia e voltava tudo à estaca zero, novamente”, disse.
Dinha se mostra frustrada com o atual desempenho do governo municipal, sobretudo em razão da carga positiva deixada pelo governo anterior. “Na altura do campeonato a gente fica decepcionada com tudo que vem acontecendo. Sabemos que a outra administração passada não deixou as coisas fora do eixo. Poderia ter uma coisinha ou outra. Mas deixou uma prefeitura estabilizada”, destaca.
Para essa rodada de entrevistas, os nove vereadores da Câmara Municipal de Adamantina foram convidados. Oito aceitaram o convite do SIGA MAIS e responderam nossas perguntas, sendo a presidente Maria de Lourdes Santos Gil (DEM) e os vereadores Fábio Roberto Amadio (PT), Aguinaldo Pires Galvão (DEM), Diniz Parússolo Martins (DEM), Luiz Carlos Galvão (PSDB), Noriko Onishi Saito (PV), Roberto Honório de Oliveira (DEM), Rogério César Sacoman (PSB). Apenas o vereador Hélio José dos Santos (PR), vice-presidente da Câmara Municipal, se recusou a participar.

Como a senhora avalia seu comportamento e o comportamento da população nas redes sociais, quando o tema é política local?
Maria de Lourdes Santos Gil (Dinha)
– Não sou contra. Só acho que às vezes que tem alguns que pegam um pouquinho mais pesado. Não entro muito porque vejo algumas brigas desnecessárias, respeito quem entra, quem fala, quem discute, mas não é do meu perfil. Às vezes quem coloca ou vai responder, dá uma extrapolada, na pergunta ou na resposta. Mas é válido, sobretudo porque estamos num crescimento das redes sociais.

E a atuação da imprensa tradicional, sobre os temas envolvendo a classe política de Adamantina?
Dinha
– Existem os dois lados. Há rádios, jornais, que deviam pensar melhor o que falar e o que perguntar. Tem que ser bem pensado. Não gosto de falar sem algo concreto em mãos. Gosto de falar do que é real. Não gosto de jogar conversas ao vento.

Qual avaliação a senhora faz da administração Ivo Santos?
Dinha
– Decepcionada. Como ele já tinha sido prefeito, acreditava que tinha experiência e fosse fazer uma administração melhor que sua administração anterior. Na altura do campeonato a gente fica decepcionada com tudo que vem acontecendo. Sabemos que a outra administração passada não deixou as coisas fora do eixo. Poderia ter uma coisinha ou outra. Mas deixou uma prefeitura estabilizada. Já falei que, se o atual prefeito tivesse levado as coisas mais a sério, administrado melhor o dinheiro público, se tivesse disso administrado melhor do que foi até agora, tenho certeza que não estaria excelente, mas não estaria tão ruim como até no momento. E tende a piorar porque ano que vem é ano político, e em maio pára tudo.

E sobre a relação entre Câmara e Prefeitura Municipal?
Dinha
– Eu não considero que houve falta de diálogo. No começo demorou um pouco mais para virem até a gente, mas a partir deste ano tivemos muitas reuniões. Chamamos o Ivo para conversar com todos os vereadores e teve aqui duas vezes depois que eu assumi. Não foi falta de diálogo. E sim falta de falarmos a mesma língua, e chegarmos ao mesmo objetivo. O legislativo tinha seus objetivos e o executivo outros. Quando conversávamos com o Ivo sozinho, dava a impressão que saía convencido das reuniões, sobre aquilo que os vereadores propunham. Aí ele subia e voltava tudo à estaca zero novamente. Tivemos diálogo, mas muitas vezes não chegamos ao objetivo comum.

Tivemos recentemente o episódio que envolveu a votação do projeto de lei sobre a permuta de área para a Fatec, quando a proposta do prefeito foi derrotada. Com isso, há correntes na cidade que acreditam na existência de uma guerra de forças motivada por diferenças políticas. Qual sua observação sobre essa interpretação de setores da sociedade?
Dinha
– Houve outro erro da administração atual. Se no primeiro momento tivesse aceito a área inicial e não tivesse partido para a politicagem, como foi feito, o prédio da FATEC estaria aí construído e em funcionamento. Da nossa parte não houve guerra nenhuma. O que houve foi a demora do executivo, que todo mundo já sabe. Primeiro não aceitou o terreno que já estava definido. Depois decidiu que iria fazer na propriedade rural doada por um proprietário de terras, e não sei por quais motivos, depois não quis doar o terreno. Voltou-se à estaca zero e o tempo passou. Falou-se em iniciar na antiga escola Alto Padrão,  não deu certo. Falou-se em fazer no Madre Clélia, mediante um contrato de aluguel de doze mil e quinhentos reais por mês, no primeiro ano, e depois iria para quatorze mil e quinhentos reais, além de adaptações exigidas pelo Centro Paula Souza, para a instalação da FATEC, orçadas em trezentos mil. Sem contar que a prefeitura anão poderia estar construindo em prédio particular. Diante disso eu e mais dois vereadores fomos a São Paulo em reunião no Centro Paula Souza e sugerimos a FAI, campus I. O Centro Paula Souza mandou então um técnico a Adamantina e avaliou positivamente o campus I da FAI. Mas o Centro Paula Souza disse que só iria liberar o vestibular  mediante doação do terreno, com infraestrutura. Esperava-se que o prefeito resolvesse tudo isso e decidisse o terreno. Foi quando o Prefeito sugeriu a área na continuação da Rio Branco, com a proposta de permutar com um empresário, que estaria interessado em cedê-la, em troca do matadouro. Porém, essa área, localizada praticamente às margens da ferrovia, na continuação da Rio Branco, exigira investimentos de quinhentos mil reais em infraestrutura, como guias, sarjetas, aslfalto, energia elétrica, rede de água e estação elevatória de esgoto, além das galerias pluviais. A prefeitura não tem condições de gastar quinhentos mil para dotar o terreno de infraestrutura. Por que então não voltar para a área inicial? Sobre o matadouro, não sou contra. Tivemos reuniões com os açougueiros. Na primeira vez viera quatro, depois veio um só. Outro detalhe: tem algum açougue fechado por conta do matadouro não estar funcionando? Se o prefeito quer passar o matadouro, pode fazer de outra maneira. Não precisa vincular à FATEC.

Sobre a atuação de lideranças políticas e nomes da política local, que não estejam atualmente exercendo mandatos políticos, é saudável, participativa ou é só discurso, em Adamantina?
Dinha
– Como cidadãos, têm direito de participar. Porém tem que ser com críticas construtivas, para ajudar a cidade. 

O que a FAI tem de positivo, na sua gestão, que poderia servir de exemplo para a Prefeitura de Adamantina e outras prefeituras da região?
Dinha
– Nós sabemos que a FAI estava sob sérias dificuldades. O Márcio Cardim, atual diretor, assumiu e deu um passo muito grande, fruto de uma boa administração. Honestidade todos tem que ter e não é nenhum mérito.  É correr atrás das coisas. Ter projetos. Ter pessoas que saibam fazer, saibam buscar. Ele foi atrás de bolsas, de ser parceiro, desenvolver e consolidar cursos. Se juntou e se agregou a pessoas que também queriam trabalhar pela FAI, vestindo sua a camisa da Faculdade. Não tiveram preguiça. Não ficaram sentados esperando cair do céu. É isso que a prefeito precisa ter. Administração boa, com pessoas que gostem de Adamantina, que queiram trabalhar por Adamantina.

No geral, cite um erro e um acerto da Administração Municipal.
Dinha
– Erro é não enxugar as secretarias, e não colocar as pessoas certas no lugar certo.
De positivo cito a Casa de Apoio em Jaú, um pedido antigo de muitos vereadores, e a vinda dos médicos do Programa Mais Médicos.

Têm surgido movimentações em várias cidades brasileiras pela redução dos subsídios (salários) dos agentes políticos, entre os quais os vereadores, vice-prefeito, prefeito e secretários. Com seu ponto de vista sobre esse movimento?
Dinha
– Nossa Câmara é uma das mais enxutas da região. Poderíamos ter até treze vereadores, mas temos nove. Em relação a salários, o que já trouxemos de verba já justifica nosso subsídio. E o que ganhamos ajuda muitas pessoas da comunidade, entidades e muitas necessidades da população, daquelas pessoas que nos procuram. Não fica só pra nós. Isso é rateado com a população. Acho que o valor que recebemos, fazemos jus a isso. Não estamos nos aproveitando disso. Dá pra contar, por exemplo, as poucas vezes que usei o carro da Câmara. Se fossem vereadores acomodados, que não fizessem jus a isso, eu seria favorável.

Você e a primeira mulher a presidir o legislativo de Adamantina. Qual balanço você faz desse período na presidência da Câmara Municipal?
Dinha
– Tenho muito a agradecer aos vereadores, que me deram essa oportunidade. Mas sabemos que a mulher, em qualquer posto ocupado tradicionalmente por homens, fica exposta a maiores dificuldades. Eu me considero uma pessoa acessível, dialogo bastante, não tomo decisões sozinha e compartilho com os demais o assuntos polêmicos. Vejo que depende de como a mulher administra. Se ela quer pisar, porque chegou a um determinado cargo, pode se dar mal. É preciso discernimento e sabedoria.

Quais metas ainda pretende atingir, até a conclusão de seu mandato como presidente da Câmara Municipal?
Dinha
– Tínhamos muitas metas, mas com a situação econômica, temos que recuar com alguns sonhos. A nossa maior meta, quando eu iniciei, envolve as instalações da Câmara. Temos um terreno, e tínhamos um milhão de reais para construir uma nova sede, mas devolvemos esse recurso para a Prefeitura e ficamos na estaca zero. Meu maior objetivo seria mudar a Câmara para um prédio fora da prefeitura. Para ter nossa independência física e melhor estrutura de atendimento à população, melhorar o espaço físico para os funcionários e para a atividade legislativa. O plenário, por exemplo, sofre com alagamentos em períodos de chuva. Nossa meta é mudar para um espaço melhor. Eu não vou ficar aqui porque estou de passagem. Mas queria deixar uma estrutura melhor para a o atendimento à população.

Qual o perfil desejado para administrar Adamantina a partir de 2017?
Dinha
– Acho que o eleitor tem que conhecer o candidato, ver se tem competência e disposição em trabalhar por Adamantina com amor e dedicação, pensando no crescimento e no desenvolvimento da cidade, e que valorize os funcionários municipais, que já estavam e agora estão muito mais desmotivados. Enfim, um candidato que vista a camisa de Adamantina. Que não pense nele, e sim na população.

E o seu balanço, no geral, é de realizações ou de decepção com a atividade política?
Dinha
– Como vereadora me sinto realizada, em termos, porque daquilo que corri atrás, são poucas as que não consegui consolidar. Poderia ter conseguido mais se não fosse a crise financeira. Porém, vejo como positivo, e tenho cumprido minha parte. Agora tenho trabalhado também para cumprir meu papel como presidente da Câmara. Estou à disposição e vou até o fim. Não sou de prometer nada, mas tenho força e convicção para buscar, com sacrifício, porque não é fácil. Estou aqui porque achei que tenho condições e tenho que mostrar isso, diariamente, correndo atrás. Agradeço a Deus por tudo que tem me dado. É o meu comandante. Agradeço todas as pessoas que estão ao meu lado, me apoiando no que é necessário, e dando dicas para meu crescimento pessoal e profissional.
 

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