Dentro do Outubro Rosa, uma ação chamou a atenção do público de Adamantina e região. A sensibilidade da fotógrafa Nany Carrara permitiu captar imagens de mulheres mastectomizadas, ou seja, que sofreram cirurgia de remoção completa da mama, um dos tratamentos cirúrgicos para o câncer de mama. As mulheres fotografadas por Nany Carrara são ligadas à Rede de Combate ao Câncer de Adamantina. 
As fotos ficaram expostas no lançamento da campanha Outubro Rosa, dia 28 de setembro, no Auditório Miguel Reale, campus 2 da UniFAI, quando o presidente do Hospital de Câncer de Barretos, Henrique Prata, realizou palestra a convite do PAI Nosso Lar. Na semana seguinte (2 a 6 de outubro) a exposição foi levada ao saguão do Paço Municipal.
Depois, a exposição acompanhou as atividades programadas para o Outubro Rosa, organizadas pela Rede de Combate ao Câncer e seus colaboradores. Nesta quinta-feira (26) a exposição estará na palestra “Eu venci o câncer”, que acontece às 19h30, com a palestrante Miriam Pereira, no anfiteatro da Biblioteca Municipal.  A entrada é franca.

Adesão das mulheres ao ensaio

A fotógrafa Nany Carrara explica que a ideia de promover a exposição surgiu a partir de uma parceria com as amigas de trabalho, que estão sempre cuidando da beleza das mulheres. A vivência nessa área despertava a vontade e a possibilidade em fazer um trabalho especifico com as mulheres que passaram pela mastectomia, com o desafio de ressaltar a força feminina e a beleza da mulher. “A intenção foi reunir mulheres, formar um grupo de sustento ao dia a dia e principalmente estampar a feminilidade de cada uma”, disse. O principal foco do trabalho foi incentivar o autoexame.
Nany explica que a sessão de fotografias ocorreu em um único dia, e o que era um encontro profissional permitiu uma aproximação. “Já nos encontramos várias vezes para apenas tomar um café ou até mesmo para dar força e orações por aquelas que iriam passar por procedimentos”, destaca. “Costumo dizer que a partir dali acrescentei dias a minha vida. Porque são pessoas de luz”, completa a fotógrafa.
Mesmo com a adesão positiva, a fotógrafa dedicou uma atenção especial em não constranger nenhuma das participantes, respeitando os limites de cada uma, como a timidez, por exemplo. “Não foi nada forçado. Cada uma fez aquilo que se sentisse bem. Acredito que esteja aí o resultado do sucesso das fotos. E minha maior admiração foi o sorriso que elas carregavam, contagiante”, destaca.
Antes, porém, da sessão fotográfica, era preciso apresentar a proposta à Rede de Combate ao Câncer e convencer as mulheres a participarem, o que foi aceito já no primeiro contato. A própria Rede se prontificou a entrar em contato com as mulheres que estavam passando por tratamento. “A ideia foi muito bem aceita, e uma foi incentivando a outra colega de tratamento, e assim foi crescendo o grupo. Confesso que até me assustei quando cheguei para fotografar e me deparei com tantas mulheres”, diz. “Não imaginava que teríamos uma quantidade tão grande de mulheres que aceitariam a proposta”, completa.

Retratos da superação

As mulheres fotografadas se revelaram corajosas. O resultado final do trabalho assinado pela fotógrafa Nany Carrara evidencia esse aspecto de força e superação. “Desde o princípio foi colocado que faríamos fotos em que elas se sentissem confortáveis, pois a intenção era mostrar exatamente como mulheres que passam pela doença são capazes de vencer não só da doença, mas também o dia a dia, lutando contra os obstáculos e o choque da descoberta da doença”, explica.
Ao final do trabalho, a fotógrafa se põe como aprendiz do grupo. “Para a nossa surpresa, elas é que acabaram nos ensinando. Que força de viver que elas têm, que determinação, que fé. Um exemplo para todos nós”.
Sobre o resultado final do seu projeto – passando pela sensibilização das mulheres que seriam fotografadas, a sessão de fotos, a edição e publicação das imagens, a realização da exposição e as reações do público – Nany Carrara define o saldo como emocionante.  “O projeto emocionou a nós que ficamos por traz das câmeras e também aqueles que viram estas fotos e se sentiram motivados a procurar a Rede e agendar seus exames, sensibilizando para que percam o medo de fazer os exames”, diz Nany Carrara. “Não é porque foi diagnosticado com a doença que se encerra a vida. A maioria das mulheres que fotografamos encerraram o tratamento e hoje estão aí para dar exemplo”, completa.
Ela destaca ter recebido muitos elogios pelo sucesso das fotos, não só pelo trabalho realizado, mas pela proporção que o trabalho alcançou levando as pessoas a realizar o exame. “Agradeço primeiramente a Deus que nos permitiu realizar tal trabalho, e muito às mulheres que abraçaram junto esta causa, Santo Decoty, que cuidou do vestuário das meninas, o salão Absoluta e Iza Miotti, que cuidaram da beleza das meninas, o Sentimental Express, que nos preparou o estúdio para a realização das fotos e principalmente a Rede Feminina, que nos acolheu em sua sede, abrindo as portas e proporcionando todas as condições para a realização desse trabalho”.

A presidente da Rede de Combate ao Câncer de Adamantina, Neusa Balzanini, e a fotógrafa Nany Carrara (Foto: Cedida).

A fotógrafa

Nany Carrara começou a fotografar por acaso, com os primeiros cliques ainda em casa, com o filho, familiares e amigos. Motivada, adquiriu um primeiro equipamento semiprofissional e encorajou-se ao desafio de fotografar, capacitando-se em cursos, promovendo o auto aprendizado com o exercício do olhar e a desenvoltura. “Confesso que de início foi por hobby, mas ao ir entrando nesse meio mágico que é da fotografia, me encontrei e é onde eu entendi o significado de “faça o que você gosta e não precisará trabalhar nenhum dia da sua vida”. É exatamente assim que me sinto, vibro com cada contrato fechado, pois não tem maior orgulho de você ver que conseguiu entrar em um mercado tão competitivo, e em uma cidade pequena como a nossa”, diz orgulhosa.
Em cada trabalho se dedica com profissionalismo e sensibilidade. “Vou realizar estes trabalhos com o coração cheio, porque ali não estou trabalhando, estou me realizando. Em cada evento, faço como se fosse para mim”, continua. “Eu tenho clientes abençoados, que em sua maioria nos tornamos amigos, pois fotografo a família deles, desde que ainda estava em fase de adaptação no mercado. Estes me abraçaram e hoje sou eu quem não os solto mais, fotografo a família deles desde meu começo, onde o bebe ainda estava na barriga e já estamos indo comemorar os 5 anos de vida desta criança”, completa.